Barbara Santos, de estreante a medalhista em Mundial

Barbara Santos medalha (IBA)

 

A baiana Bárbara Santos escreveu seu nome na história do boxe brasileiro no último mês, ao conquistar a medalha de bronze no Campeonato Mundial Feminino de Nova Déli, na Índia. Fazendo sua primeira aparição na competição, ela precisou superar o nervosismo de uma estreia e a tensão de um grande evento para vencer duas lutas e ir ao pódio logo de cara.

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“O nível na Índia foi muito alto. Foi algo muito novo para mim, estar lutando contra atletas que eu não tinha disputado em nenhuma outra competição. Isso me fez sentir uma adrenalina um pouco maior, aquele friozinho na barriga, mas no final deu tudo certo”, diz. “Fiquei muito feliz. Foi o meu primeiro Mundial Civil e eu consegui ir ao pódio. É gratificante saber que o trabalho que foi feito surtiu efeito”.

Natural de Salvador, Bynha, como é carinhosamente conhecida pelos familiares e amigos, fez três lutas no Mundial de Nova Déli. Ela competiu na categoria até 70kg e venceu duas lutas até chegar na semifinal, passando pela sérvia Nikolina Gajic e pela cazaque Madina Nurshayeva. Já na semifinal, perdeu para a australiana Kaye Scott em uma luta muito apertada.

Três juízes deram vitória para a australiana e dois para a brasileira na semifinal. Por conta da divisão, a decisão final teve que ir para os julgadores externos, que deram uma vitória para cada lado. Assim, a adversária saiu vencedora e Bynha ficou com o bronze. Mesmo com a sensação de que uma final poderia ter vindo, Bynha se diz contente com o desempenho.

Bynha semifinal Mundial boxe (IBA)
Bynha durante a luta semifinal contra australiana (Foto: IBA)

“Jamais vou ficar satisfeita com a medalha de bronze. O intuito sempre é conquistar o ouro. Mas fiquei feliz com o meu desempenho perante às atletas, que eram muito fortes. Saber que estou entre as melhores e saber que consigo ir além me deixa muito feliz”, explica a baiana, que também foi medalhista de prata no Mundial Militar de 2021 e levou o ouro nos Jogos Sul-Americanos Assunção-2022.

Trajetória

Barbara Santos tem 31 anos de idade. Ela praticava o kickboxing e conheceu o boxe através de um convite de um treinador na Bahia. Quando participou de seu primeiro campeonato na nova modalidade, a atleta foi muito bem e decidiu levar adiante a prática do esporte. Sob o incentivo e cuidados do treinador Amônio Silva, o ‘Mone Nocaute’, ela chegou até a Equipe Olímpica Permanente anos mais tarde.

“O Amônio é o meu técnico do boxe e o meu maior incentivador, desde sempre. Ele é da Bahia e já foi técnico da seleção brasileira, participou de um ciclo inteiro. Ele é quem sempre me motiva, me incentiva e não deixa eu desistir. Tem um trabalho fundamental na vida dos atletas e é com ele que sempre estou ligada”, comenta Bynha.

Barbara Santos Assunção (Gaspar Nobrega-COB)
Barbara Santos levou o ouro em Assunção-2022 (Foto: Gaspar Nobrega/COB)

Barbara, no entanto, demorou para se estabilizar na seleção principal. Após idas e vindas e períodos de treinamentos, ela passou um tempo afastada e só retornou à equipe após os Jogos Olímpicos de Tóquio. A baiana agarrou a oportunidade e vem se destacando desde então.

“A Bynha já tinha vindo outras vezes para a equipe, mas nunca tinha se estabilizado. Após Tóquio, nós damos uma nova oportunidade para ela. E desde que voltou, vem confirmando e ganhando medalha em todos os eventos que ela vai. Estamos bem contentes com o desempenho dela”, avalia o head coach da Equipe Olímpica Permanete, Mateus Alves.

Briga pela vaga olímpica

Barbara Santos fazia parte da categoria até 70kg, mas com a lesão de Beatriz Soares no ano passado, desceu de categoria para substituir a companheira no peso até 66kg (peso olímpico). A estratégia da comissão técnica deu certo e Bynha encerrou 2022 de maneira invicta, tendo sido campeã do Campeonato Continental, do Campeonato Brasileiro, do Grand Prix Internacional e dos Jogos Sul-Americanos Assunção-2022.

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Quando Beatriz Soares retornou aos treinamentos, em novembro do ano passado, Barbara voltou para sua categoria de origem, a até 70kg. Por conta da ótima fase, ela foi a única atleta escolhida pela comissão para a ir ao Mundial em uma categoria não olímpica. “Como a Barbara foi confirmando medalha em todos os eventos, ela e a Bia ainda estão concorrendo pela vaga na categoria até 66kg”, explica Mateus.

Foto de capa: IBA