Adriana Araújo, Caroline Almeida e Beatriz Ferreira: o boxe feminino brasileiro em três medalhistas

Bia Ferreira (Divulgação)

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 serão os primeiros com 50% de presença de mulheres e 50% de homens. Sim, após 128 anos de história olímpica moderna, apenas agora na 35ª edição dos Jogos haverá igualdade de participação entre homens e mulheres. Se tratando do boxe, teremos sete categorias masculinas e seis femininas, uma grande evolução se comparado com a primeira edição com a participação de mulheres na modalidade, em Londres 2012, quando haviam 11 categorias no masculino enquanto só três no feminino.

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Se formos pensar na história olímpica da modalidade, o boxe está no programa olímpico desde 1904, mas só teve mulheres nos ringues em 2012. Mesmo com 108 anos de atraso, as mulheres competirem no boxe foi uma grande revolução para lutadoras em todo mundo. O Brasil voltou com um bronze feminino, de Adriana Araújo, na categoria até 60kg. Além de Adriana, os irmãos Falcão voltaram com mais uma prata, de Esquiva, outro bronze, de Yamaguchi.

Ser a primeira mulher medalhista olímpica do boxe brasileiro não foi um peso para Adriana. “Eu demorei alguns meses pra saber o que realmente eu tinha feito. Porém, quando a ficha caiu, foi glorioso. Pra mim, tinha sido tudo normal! Até porque eu já tinha uma larga experiência de grandes torneios internacionais de boxe, com isso preferi não me sobrecarregar com a cobrança que uma Olimpíada exige”, diz ela.

Adriana Araújo foi a primeira medalhista do boxe feminino brasileiro (Foto: Divulgação/COB)

Depois de Adriana, mais uma mulher subiu ao pódio na história do boxe brasileiro: Beatriz Ferreira foi prata em Tóquio 2020, também na categoria até 60kg. Nesta edição, a modalidade ainda trouxe mais duas medalhas para o Brasil: ouro com Hebert Conceição e bronze de Abner Teixeira. Em terras japonesas os boxeadores renderam a melhor campanha de um esporte para o Brasil no quadro de medalhas.

O passado e o presente

Lá em 2016, Bia Ferreira, no entanto, era apenas a sparring de Adriana Araújo. A jovem atleta começou daí a despontar e se tornar um dos principais nomes do esporte do mundo. Treinar com a já medalhista de bronze foi fundamental para os primeiros passos de Bia nos ringues da seleção.

“Fez toda a diferença na minha carreira. Naquele momento eu ainda não tinha decidido o que eu ia fazer da minha vida. Vendo ela treinar, acompanhando, aprendendo, escutando as histórias da carreira dela, isso tudo com certeza me influenciou a querer viver e passar por isso. Eu me senti desafiada. Fez toda a diferença pra eu poder ter certeza que era esse esporte, que eu tava no caminho certo, e de acreditar que eu poderia ser igual ou melhor que ela. Foi o que ela sempre incentivou a não desistir”, comenta Bia.

toquio2020; boxe
Beatriz Ferreira com a medalha de prata olímpica (Foto: Jonne Roriz/COB)

Hoje, Beatriz Ferreira além de ter em seu currículo uma prata olímpica, tem um título mundial em 2019 e um vice-campeonato em 2022, e é considerada o grande nome do boxe brasileiro, entre homens e mulheres. “Eu fico muito feliz do meu trabalho ser reconhecido e o pessoal acreditar junto comigo nos resultados. Eu só reflito o trabalho de toda uma galera que está por trás disso, ninguém consegue ser campeão sozinho”, fala a pugilista.

“Eu sei que o boxe é o esporte individual mais em grupo que existe, a gente precisa ter outras pessoas pra treinar, pra terem outras visões. É o trabalho de toda uma equipe, a preparação de anos pra buscar esses resultados. Não levo como pressão, levo como incentivo, como aposta, de dizer que estou no caminho certo. Fico muito feliz e honrada de estar representando meu país, a minha equipe, o meu esporte, a minha galera e a minha família”, continua.

Caroline Naka Almeida –
Caroline Naka Almeida (Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

Além de Bia Ferreira, outra brasileira subiu ao pódio no Mundial de 2022. Caroline “Naka” Almeida fez excelente campanha e acabou com a medalha de bronze. Nunca o Brasil havia voltado para casa com duas medalhas em um Mundial feminino, demonstrando a evolução da modalidade entre as mulheres. Para Caroline, esse desenvolvimento do boxe feminino brasileiro é incrível.

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“Comparando com o boxe masculino, poucas mulheres se interessavam pelo esporte, acredito que por isso a evolução demorou mais. Mesmo um pouco mais tarde, as mulheres conseguiram mostrar que podem ser iguais ou até melhores na prática esportiva, deixando dessa forma mais nivelada a questão do gênero no esporte”, fala Naka.

Mundial de 2023

Além do mês da mulher, em março haverá mais uma edição do Campeonato Mundial Feminino, dos dias 15 a 31, com presença em peso da seleção brasileira com 7 atletas. Bia e Naka vão em busca de melhorar seus desempenhos do ano passado, com consciência da importância do nível da competição e no mês de celebração. “É uma homenagem incrível e principalmente pelo boxe ainda ser tão masculinizado, essa atitude eleva a força feminina na modalidade.”, afirmou Caroline.