Chegamos ao décimo dia de competição no Campeonato Mundial de Boxe da AIBA, disputado no Cazaquistão e, hoje, foram definidos todos os semifinalistas da maior e mais importante competição de Boxe Olímpico do planeta. O Brasil chegou na disputa com 3 atletas.
O primeiro a subir no ringue foi Patrick Lourenço, na categoria 49 Kg, contra o argelino Mohammed Flossi. Fazendo jus aos grandes combates da mais leve categoria olímpica de Boxe, a luta se iniciou com muita movimentação e muita velocidade por parte dos dois atletas. O boxeador do norte da África, contudo, se postou como o boxeador mais dominante pela maior parte do duelo, conseguindo, por vezes, surpreender o brasileiro com contra-golpes notoriamente mais fortes do que o normal para a categoria.
Patrick, por sua vez, seguiu imprimindo um ritmo forte até o gongo final, demonstrando que fez por merecer chegar à disputa por medalha em seu primeiro Campeonato Mundial. Contudo, no final dos nove minutos de luta, foi mesmo o argelino que saiu com a vitória.
Pouco depois, quem veio ao ringue disputar sua vaga para a semifinal foi Everton Lopes. Atual campeão mundial e mais do que disposto a defender o seu título, Everton tinha pela frente o lituano Evaldas Petrauskas. Em batalha de "gigantes", já que Evaldas veio ao torneio também credenciado por resultados recentes (medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres 2012), qualquer coisa poderia acontecer. E, ao começar a luta, a claríssima diferença de estilos só fez complicar ainda mais a tentativa de projeção de resultado, já que os critérios de avaliação dos juízes estão, aparentemente, ainda um pouco "confusos" com a mudança de regras para o sistema 10-9 de pontuação.
Ao final do primeiro round, os brasileiros estavam seguros de que a vitória estava encaminhada para Everton, já que ele praticamente não foi golpeado e ainda teve maior volume de golpes que o oponente. Porém, não sabiam eles que os juízes tinham visto o combate favorável ao lituano. No segundo round, o domínio de Everton foi maior, com um número maior de golpes acertados no corpo do lituano, e sequencias de jab-direto furando a guarda de Petraukas. No final do round, ainda sem conhecimento do publico e dos córners, ainda houve domínio por parte do lituano, na visão de dois juízes. Com isso, a luta estava praticamente perdida para o baiano, a não ser que conseguisse um terceiro round fenomenal.
Tendo em vista que a maioria dos presentes no ginásio de competição em Almaty tinham certeza de que a luta estava decidida em favor de Everton, e não o contrário, não era de se esperar que o brasileiro procurasse esse "round perfeito" no terceiro assalto.
Mas foi aí que a estrela de Everton brilhou e, sem receber um claro golpe nos 3 minutos de todo o round, o juiz decisivo viu plena dominância do brasileiro sobre o lituano, e julgou a luta 10-8 a favor de Everton. Assim, um juiz pontuou a luta 29-28 para Everton, o segundo pontuou 29-28 para Petraukas, e o terceiro pontuou o combate 28-28. Dentro das novas regulamentações da AIBA, é este último juiz quem decide a luta com o seu voto de desempate. E ele, fazendo justiça e evitando uma boa vaia do público presente, decidiu fazer de Everton o vitorioso.
Com este triunfo, Everton Lopes garantiu, no mínimo, a medalha de bronze no torneio, e segue forte na defesa do seu título mundial.
Mas os feitos do Brasil no dia de hoje do Mundial de Almaty não pararam por aí. Ainda tínhamos Robson Conceição disputado a sua vaga na semi contra o indiano Malik Vikash. O Boxe indiano vem evoluindo consideravelmente nos últimos anos e, após estudo minucioso das lutas de Vikash por parte da Comissão Técnica brasileira, a ordem era clara: golpear, golpear e golpear. A tática de volume de golpes no corpo, mesclado por jabs e diretos que mantivessem o indiano sem encontrar a sua distância, foi um desafio cansativo para o brasileiro, sem dúvida. Mas a idéia não poderia ter dado mais certa! Os golpes foram encaixando desde o primeiro round, e Robson não parava.
O árbitro do combate abriu contagem para o indiano depois dele ter tentado se aproximar do baiano e receber um upper que o deixou visivelmente tonto. No segundo round, a mesma coisa. Golpes ininterruptos levaram o árbitro à, mais uma vez, abrir uma contagem de oito segundos no indiano. E, no bom e velho "só pra garantir", Robson não mudou a sua estratégia e, para não perder o costume, forçou o árbitro a abrir mais uma contagem para o indiano.
No final, nenhuma dúvida: Robson vencedor, e segue forte rumo ao ouro.
Agora, os dois brasileiros tem o dia de amanhã de folga no campeonato, voltando ao ringue para disputarem uma vaga nas suas respectivas finais somente na sexta-feira. Com estes resultados, o Brasil amplia para 16 o número de torneios internacionais disputados no ano de 2013, tendo medalhado em absolutamente todos.
A Confederação Brasileira tem imenso orgulho de todos que fazem parte do árduo trabalho de aprimorar o Boxe no Brasil, e tem um grande prazer em dizer que os boxeadores do Brasil são respeitados em todo mundo como grandes campeões. Hoje, mais do que nunca, o Boxe brasileiro é uma realidade mundial, e a CBBoxe agradece todos os nossos atletas que sobem nos ringues deste globo com a camisa do nosso País. Vocês são um exemplo para toda a nação.
Força, foco e fé. Rumo ao ouro!