Neste domingo, que termina no Cazaquistão em meados da tarde brasileira, foi um de emoções extremamente fortes. Isso se dá pelo altíssimo grau de dificuldade enfrentado pelos boxeadores brasileiros que subiram no ringue do Mundial hoje.
Primeiramente, Robson Conceição (60Kg), um dos brasileiros com mais experiência em grandes torneios, teve que enfrentar Otcondalai Dorjnyambuu, da Mongólia. Acontece que para seguir no torneio, Robson ia ter que fazer nesta sua estréia no Campeonato Mundial, o que ele não faz em duas oportunidades passadas: "simplesmente" vencer o adversário de nome quase impronunciável. Os dois boxeadores já haviam se enfrentado em dois torneios recentes disputados em Cuba e, em ambas as oportunidades, foi Robson quem levou a pior.
E, desta vez, temia-se que o encontro se encerrasse da mesma forma que os confrontos anteriores. Isso devido ao forte início de Otcondalai, que imprimiu o seu boxe perante ao do brasileiro no primeiro round. Como se não bastasse, no segundo round, após trocas de cabeçadas, o árbitro italiano da luta tirou um ponto do baiano por conduta faltosa. Com um quadro praticamente irreversível, Robson começou a acertar duros golpes ainda no final do round. Amedrontado por estar perdendo claramente o terceiro round, o atleta da Mongólia continuou a segurar Robson de maneira proibida (como havia feito durante a maioria do combate), e teve também um ponto descontado. Igualando a luta neste quesito.
Faltando ainda metade do round derradeiro, o combate foi interrompido devido ao corte sofrido no supercílio pelo adversário do brasileiro. Após avaliação médica, Otcondalai foi liberado para prosseguir lutando, mas o seu desempenho já não era nem sombra daquele do round inicial. Robson, ciente de que a luta ainda não tinha terminado, buscou a vitória incansavelmente, acertando golpes precisos. Em tentativa de "segurar" a luta, Otcondalai continuou com as cabeçadas mas, desta vez, o árbitro interveio e sacou dele mais um ponto. Robson, então assegurou que o último round fosse seu, terminando o combate com muito mais ação que o seu adversário. Fim de luta.
Fazendo extremo jus ao que foi a luta, os juízes se dividiram no resultado, porém foi o brasileiro quem levou a melhor e foi decretado triunfante desta vez.
A segunda e única outra luta envolvendo um brasileiro hoje foi válida pela categoria 69 Kg, onde outra grande pedreira nos esperava. Simeon Chamov, da Bulgária, foi o nome do desafio do brasileiro Roberto Queiroz que, assim como Robson, já havia enfrentado o seu adversário. Também no início do ano, Robertinho encarou Chamov pela primeira vez na carreira, na semifinal do torneio Standja, na própria Bulgária. Nesta oportunidade, o búlgaro levou a melhor.
Determinado a reverter o resultado final desta vez, Roberto entrou buscando uma oportunidade de contra-golpear o oponente. Contudo, Chamov lutou de forma mais cautelosa e não entrou no "jogo" do brasileiro. Um pouco mais veloz, o búlgaro encontrou brechas na defesa de Roberto e conseguiu administrar uma luta pareia levemente à seu favor, principalmente após o carioca sentir uma forte cabeçada involuntária, que abriu um corte considerável no seu rosto. Numa verdadeira luta ao estilo xadrez, foi mesmo Simeon Chamov que provou ser o melhor enxadrista desta vez, levando a vitória por decisão unânime. A postura de Roberto Queiroz e o alto nível técnico do combate terminou sendo destaque no site da AIBA (aiba.org).
Amanhã, um número recorde de brasileiros lutam de uma só vez, já que os vencedores de ontem juntam-se aos do dia anterior e totalizam cinco lutas de brasileiros. Os combates são os seguintes:
49 Kg – Patrick Lourenço x Gan-Erdene Gankhuyag (Mongólia)
56 Kg – Robenilson de Jesus x Seicuk Eker (Turquia)
64 Kg – Everton Lopes x Artem Harutynuyan (Alemanha)
75 Kg – Esquiva Falcão x Artem Chebotarev (Russia)
91 Kg – Juan Nogueira x Evgeny Tishchenko (Russia)